Livro Dourado

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009 - Postado por Luiza Drumond às 14:51

Fiquei só no trem, só não, junto a um homem.

Cara pálida, olhos arregalados e azuis. Usava uma aliança dourada, grossa e larga.

Eu cara pálida também, cansada e incomodada com a voz grossa e grave que gritava nos meus fones de ouvidos.

Ele me comia com aqueles olhos grandes de uma forma cautelosa ou desrespeitosa, queria saber o que pensava. Contorcia-me de todas as formas possíveis, para parecer menos incomodado. Acho que ficou evidente demais, só conseguia olhar para frente, era meu ponto fixo.
Escrevia várias perguntas em minha cabeça, uma delas me aguçou atenção:
“Que diabos esse homem olha tanto pra mim?”

Só queria saber o que era, tem algo de errado comigo?


Outra vez a voz me incomodava desta vez, era um som popular insuportável, daquele que encantava a garotada. Logo mudei, pra uma música calma, com letra concisa.
Logo me fez sorrir disfarçadamente, era tão baixinha que o som dos trilhos quase que apagava a letra e melodia.

O tal homem continuava a me olhar, resolvi olhar também, por debaixo do óculos. Senti-me um tanto confortável, mas curiosa.

Meu ponto fixo ainda estava lá, a paisagem horrorosa. Cheia de folhas secas e vagões enferrujados.
Viajei um tanto na paisagem, começou a se formar uma forma interessante e incomodante me minha mente, era o homem, desta vez ele me olhava carinhosamente, fiquei feliz.

Faltavam alguns metros para meu destino... A Livraria Dourada.

Voltei ao meu ponto fixo, comecei a escrever histórias em minha mente, mais o olhar do homem me roubava toda a minha atenção, logo esquecia a história.

Ele também carregava uma maleta preta, quadrada e tinha uns 15 cm de comprimento.
O que carregava lá?


Um e dois estações, cheguei ao meu destino.


Ele me olhou mais uma vez e sumiu rapidamente, procurei-o por todo trem. Sumiu muito rápido, feito balão quando estoura.

Sai do trem e entrei na livraria e fui à procura de um livro interessante.

...
Procurei, procurei e procurei, não achei...

Uma porta se abriu em meio da multidão, vi uma placa escrita:

Vendem-se livros valiosos, 30,00 moedas.

Vasculhei por toda estante, e achei um livro dourado, que tinha como título:

“A Aliança, dourada.”

O título e a capa me aguçaram curiosidade, quis saber do que se tratava a história...

Capa: Um homem de rosto pálido, olhos arregalados. Usava uma aliança dourada, grossa e larga.

Escritor: Peter Vaughn

Comprei-o desesperadamente, comecei a ler logo na fila do caixa e me encantei desde então, um trecho guardei pra mim:

“Ela nem sabe que esta aliança é para ela, e mente para si própria fazendo perguntas, que no qual já sabe a resposta e inventa outra.

Fiquei sem palavras na hora, como podia um livro conta meu próprio dia, que nem sequer acabou?

Continuei lendo e ouvi uma doce voz em meu ouvido:

- Olá, com licença, como se chama, doce jovem?
Ainda sem entender, respondi:
- Clarissa
- Prazer sou Peter Vaughn