Oração de uma serva

sábado, 31 de outubro de 2009 - Postado por Luiza Drumond às 10:15

Escondida na misericórdia da luz
Entre a vida e morte, entre o pedido e desejo.
Hei de reconhecer a dor dos outros, e pegá-las para mim, sofrer a dor deles e deixar eles em paz.
Onde no céu eles viveram, pegaram na mão de Deus e rezaram o Pai Nosso.
Serão perdoados e o pecado será sugado, e restara à pureza de um olhar de uma criança recém-nascida.
Com a honra e louvor beijaram e lavaram os pés de Deus.
Serviu ele para toda a eternidade e assim seja amém.

Porta amarela

terça-feira, 27 de outubro de 2009 - Postado por Luiza Drumond às 09:36

É fácil.
Como 1+1 é dois
Pegue e não solte! Agarre como se fosse o fio para salvação de sua vida.
Viver e sobreviver, ficou escasso.
Então pegue lerdinho!
O tempo está acabando, de dois resta um, logo logo não terá 1.
Agora, como você faz na praia escolhendo as conchas, escolha uma porta.
Amarela, verde ou vermelha?
Vermelha?
Hein?
Hei?
Responda!
Acorde!
0,22
0,18
Hei 17 segundos.
Vermelha, muito bem, vejamos hm...
Você acaba de ganhar outro fio para salvar sua vida.
Mas cuidado ele é de má qualidade, quem mandou escolher a vermelha.
Amarela era a da vez, iria brilhar feito Julieta e Romeu.
Rodar e rodar no sol, até suas pernas cansarem e no dia seguinte gastar mais um fio dos 1000.

Pedido de uma doente

quinta-feira, 22 de outubro de 2009 - Postado por Luiza Drumond às 09:36

Estou doente, em estado terminal, com olheiras fundas e escuras.
Há cinco anos me trato dessa doença, mas acho que Deus está cortando o laço da vida e eu e está entrelaçando o da morte e eu.
É patético falar que Deus está entrelaçando este laço e é mais patético ainda ver que eu estou prevendo minha morte, realmente não estou ajudando comigo mesma.
Meu olho lacrimeja quando vou ao sol, acho que ele é sensível à luz. Estou tão branca que se eu “mergulhar” entre os lençóis brancos me perco e só me acho assim que abrir meus olhos e ver a morte.
Meu Desejo de ir embora fica cada vez mais em evidência, a dor também não ajuda.
Oh Deus, estou escrevendo em um pedaço de papel higiênico, mas eu só quero que meus pedaços morram pouco a pouco e assim restará só uma mera lembrança que um dia a luz do sol não me cegou e que sim, um dia me iluminou, sentirei falta.

Com todo meu coração,
dê cada pedaço de mim à quem me fez sorrir.
Adeus.

NÓ NÓ e NÓ

segunda-feira, 19 de outubro de 2009 - Postado por Luiza Drumond às 09:25

Braços entrelaçados nas pernas.
As bagunças confundem meu pensamento e me fazem esquecer o que dizer.
Dando um nó na minha garganta que me atormenta toda madrugada.
Que sempre que amanhece quase me afogo entre milhões e milhões de palavras.
Desmitificando cada verso da música cantada.
Meu sonho utópico faz que me sinta atordoada e com um mar dentro da minha garganta, é como se fosse um sufoco sem fim e o mais interessante sem razão alguma. Hoje está tudo cheio demais.
Na altura que anda minha vida perdi minha anti-socialidade e isso é mais um nó desfeito.

"Ter nascido me estragou a saúde" - Clarice L.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009 - Postado por Luiza Drumond às 15:41

Às vezes paro e penso:
O que é a vida? Como é crescer? E ser? Quem eu sou?
A vida é dura, crescer é difícil, se auto-definir é mais ainda.
Procuro, procuro e procuro respostas. É preciso levar um tapa da vida para acordar? Pra encontrar respostas? E mudar? É difícil?
Porque a vida do campo é mais fácil do que a na cidade grande? Hein? Responda! As pessoas vivem em uma corda bamba, logo caiem e levam um tapa da vida. É ridícula a forma como as pessoas vivem e pensam. Levadas pela onda da mesmice. Um mar de trouxas. Vão! Vão! Nadem contra a corrente, ainda há tempo suficiente, se equilibrem na corda e seguem em frente.
Não é lindo lá na frente? Cheio de lírios e borboletas! Olha o cheiro da lenha queimando. E o cavalo cavalgando? Que coisa mais linda, que vontade de me debruçar na janela e fofocar sobre as pessoas que passam na rua. Andar descalça aqui é um prazer. Ahh, ir ao rio e me molhar todinha, ui!
Vejo inocência nos olhos das pessoas. São tão puros e sem maldade alguma, é visível isso, basta olhar em cada face dessa vila que fica tudo em evidência. Acredite a vida é bela, o único problema é ter nascido me estragou a saúde.

Corda Bamba

Postado por Luiza Drumond às 12:49

Maria tinha um sonho atrás da porta vermelha.
Um sonho de corda bamba, circo e arco florido.

Queria ter uma parede de sonho, assim sempre que quiser poderia arrancá-lo com delicadeza e pega-lo p’ra mim.
Andaria na corda bamba com insegurança, não tenho a fé que nem Maria.
Não gostaria de ganhar uma velha para contar história, pessoa não se compra, ou compra?!
Nem gostaria de ter aula particular com uma mulher que sempre fica puxando a pelinha do canto da unha. E aonde ia colocar meu pé? O cachorro é folgado. A borracha caiu, o cachorro engoliu?
Hei de abrir todas as portas. Um dia esse minha curiosidade me mata, mas quem sabe não encontro minha felicidade? Minha parede de sonho? Quem sabe? Só Deus.
Vou guardar em cada porta aberta uma lembrança feliz, um quem sabe, posso escolher a mais feliz.
Guardarei para sempre meu sonho na corda bamba, um dia hei de me equilibrar com um arco florido ou até mesmo um guarda-chuva cheio de lírios.

"Lygia Bonjuga se aventura pelas veredas da imaginação infanto-juvenil e arma sobre o jovem e respeitável público a lona seu circo de surpresas e encantamento, apresentando-lhe esta CORDA BAMBA, através da qual Maria, filha de equilibristas, e ela mesma artista de circo, resolve viajar para dentro de si mesma. Viver na corda bamba- é como o imaginário popular define a existência de quem tem que enfrentar desafios diários para sobrevive. Assim caminha Maria em busca de seu próprio equilíbrio, abrindo as portas do passado e recompondo-se dos dramas que marcaram sua infância circense. "

Recomendo que leiam este livro: "Corda Bamba"- Lygia Bonjuga, livro infanto-juvenil. Ótimo e criativo. Feliz dia das crianças e dos vegetarianos.

Piano, Flauta e o R francês

segunda-feira, 5 de outubro de 2009 - Postado por Luiza Drumond às 10:10


O som do piano toca meus ouvidos me arrepiando dos pés a cabeça.
O R puxado do francês me canta e encanta.
Fecham-me os olhos e imagino-me nos palcos, cantando uma canção sobre lírios e bons amigos.
Caras e bocas, irei fazer. Vestirei algo Louis Vuitton.
O fino som do violino é para poucos, pros ouvidos afiados.
A flauta é doce com o mel que meu amor trouxe.
É meloso, dourados feito meus fios de cabelo. Prendidos com lírio e um laço de veludo.

Bruni: On me dit que le destin se moque bien de nous,
Qu'il ne nous donne rien, et qu'il nous promet tout,
Paraît que le bonheur est à portée de main,
Alors on tend la main et on se retrouve fou.